[ OLELÊ ]

Aperte o PLAY + 

Aqui você encontrará:  Ilustrações Fábula (texto, audio, vídeo) Atividades e Recursos Didáticos

ZAKI É UM JOVEM BARQUEIRO QUE, TODOS OS DIAS, ATRAVESSA OS RIOS que envolvem seu povoado no Congo em busca de alimentos. Sozinho, ele levanta antes do sol raiar e segue com seu barco para pescar e catar frutas pelo caminho do rio. Um dia, ele ouviu risadinhas atrás de uma moita. 


– Hihihi!


Ele procurava de onde vinha o som e não encontrava nada. Pensou  que era coisa de sua cabeça,pegou os  alimentos e seguiu seu rumo. No dia seguinte, ouviu novamente uma risadinha.


– Hihihi!


Cadê, cadê? Zaki não encontrava nada! Talvez seja cansaço, pensou. E seguiu a rotina dura de trabalho. Quando acordou novamente, pensou que seria muito bom se tivesse ajudantes. Olhou para os céus, agradeceu pelo dia e jogou para o universo:  eu alimentaria muito mais bocas se eu fosse mais que um. Se o destino sorrir pra mim, a ajuda vai chegar. E lá foi ele, rio afora, remando sem parar. Foi quando ouviu pela terceira vez a inconfundível risadinha. 


– Hihihi!


Mas, dessa vez, quem estava rindo não se escondeu. Zaki levou um susto ao olhar para a beira do rio e encontrar uma criança rindo. Não só uma, mas OITO!


– Queremos ir com você.


O jovem barqueiro não acreditou no que viu. Quando ele ia dizer um não, lembrou do pedido que havia feito ao universo. A ajuda chegou! Mas eles não sabem remar…


– Você pode nos ensinar! Somos espertos! hihihi!


Zaki sorriu e botou as oito crianças enfileiradas no barco. Como ele ensinaria o ritmo da remada? Como mostrar a eles a sabedoria das águas? Fechou os olhos mais uma vez e sentiu o vento bater no seu rosto. Foi quando ouviu uma das crianças cantando uma música de ninar que ele ouvia quando era bem pequeno.


– Olelê! Moliba Makasi! Olelê! 


Zaki olha, bastante comovido, pra criança. Lembrou dos seus avós cantando essa música pra ele. “Olelê! Moliba Makasi!” significa “Olelê, a correnteza está forte”. Ele sentiu o coração bater mais rápido e começou a cantar a música inteira com as crianças, juntos:

Olelê! Moliba Makasi! Olelê! 

Olelê, Olelê moliba makasi

Olelê Mboka na ye, mboka, mboka kasai-ï

Mboka na ye, mboka na ye, mboka, mboka, kasai-ï

Olelê, Olelê moliba makasi

Eeo, eeeeo,

Benguela aya

Oya oya, oya oya…

Olelê, Olelê moliba makasi


Quando eles começavam a cantar juntos, os remos se alinhavam e seguiam unidos no ritmo, todos remando em profunda sintonia: crianças, águas, canção. 


– Ei, barqueiro! Pegue seus remos e empurre a água para trás de você – eles entoavam. 


Zaki foi se sentindo mais forte, as crianças cantavam em coro, botando energia em cada remada. Se antes o barqueiro conseguia levar cinco peixes, com as crianças no barco, ele dobrou a pescaria. A correnteza pode estar forte, mas se estamos juntos, vamos mais longe. Sozinho, ele até ia mais rápido. Mas acompanhado, ele chegou onde nunca tinha imaginado. 


Canta com a gente?

– Olelê! Moliba Makasi! Olelê! 


Ao entardecer, o grupo desembarcou com todos os alimentos  que conseguiu reunir. Felizes, comemoraram o feito. Zaki deitou na grama e ficou observando o céu. Lembrou da história que seus ancestrais contavam, do feixe de varas. Uma vara sozinha, qualquer um consegue quebrar. Mas se juntamos várias ao mesmo tempo, ninguém quebra. É a união. Não podemos andar separados. Zaki olhou para o lado, e as oito crianças estavam deitadas ao seu redor. Uma delas soltou uma risadinha. E começou a cantar… Olelê…


E todos se uniram em uma só voz.


Quer cantar com a gente?


Aperte o PLAY da música!  

 [ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

CUIDAR DO PRÓXIMO

Estabelecer e manter relacionamentos saudáveis e de apoio afetivo em ambientes com indivíduos e grupos diversos.

Habilidade socioemocionais

Entender-se potente e perceber a vida das pessoas pretas como uma existência possível e relevante.

Reconhecer e valorizar elementos históricos e socioculturais que  constituem a identidade das  pessoas que têm origem negra.

Valorizar a contribuição negra na construção da sociedade e reconhecer a potencialidade dos diferentes modos de vidas negras que existem no mundo.

Capacidade maker

Manter-se curioso para aprender e para atuar positivamente no mundo;

Experimentar, testar, errar, aprender e criar de forma inusitada com os materiais disponíveis; 

Perceber as necessidades, as perspectivas dos outros;

Enxergar conexões e oportunidades; 

Aumentar o repertório de ideias e concepções para criar;

Acalmar o olhar e enxergar possibilidades.

O ambiente 

O ambiente como promotor de experiências educativas que reforçam a potência da cultura Africana.

1) ATIVAR PARA ENGAJAR

>> Antes da história:

Prepare o ambiente colocando tecidos e tapetes azuis no chão como se fosse um rio. Fora do “rio”, deixe alguns materiais que possam servir de barco, como caixas, cestos, bacias e outros materiais disponíveis. Deixe também diferentes materiais que possam servir de remos, como macarrão de piscina, varas de bambu, tubos longos, entre outros. Ao fundo, você pode colocar som de água e convidar as crianças a navegarem no rio. Deixe que elas explorem livremente os materiais e as incentive a usar a imaginação nessa brincadeira de faz de conta. Você também pode passar imagens numa TV ou em um projetor, para que elas imaginem que estão navegando pela África. 


Depois que elas se cansarem de brincar, junte-as em uma roda e  explique que na África as pessoas usam muito a dança e o movimento do corpo para se expressar. Mostre o vídeo The Great African Take Away: African Dancing e incentive as crianças a dançarem junto.


Depois diga às crianças que elas irão criar passos de dança e usar o corpo para se expressarem. Pergunte: 


Deixe que elas expressem os movimentos como uma dança enquanto batidas africanas são tocadas ao fundo. Quando elas tiverem terminado sua dança, peça que se sentem e façam alguns exercícios de respiração, caso elas precisem se acalmar. 


[ SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA! ]

Diga ao grupo que irão ouvir uma história chamada Olelê. Apresente as ilustrações que estão no site do Aperte o PLAY+. A professora pode escolher entre contar a história para a turma e apresentar ao grupo o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios leitores diferentes: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação de história pela professora com as ilustrações. Há, ainda, uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a que achar melhor para a sua turma!

>> Depois da história: 


Peça que as crianças identifiquem os personagens da história e pergunte, usando a rotina de pensamento “Pense, sinta, se importe”: 



Pergunte ainda: 


Toque a música Olelê Oliba Makasi e incentive as crianças a fazerem o movimento de remar enquanto a música toca.

2) BRINCAR PARA CRIAR

Faça algumas perguntas instigadoras:



Explique para as crianças que, naquela época, eles se guiavam pelas estrelas ou outros marcos naturais. Hoje, nós utilizamos mapas e o GPS, que nos dá as direções necessárias para chegarmos a diferentes lugares.

3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR



DICA QUENTE!

Em 1987 foi descoberto na Nigéria o barco mais antigo da África e o segundo barco mais antigo do mundo. A canoa Dufuna reescreveu a história da construção de barcos e navegação fluvial, que, até então, levava em consideração apenas as descobertas feitas na Europa. As habilidades técnicas superiores aplicadas em Dufuna indicam uma tradição de longa data, em que a canoa descoberta provavelmente não é a primeira nem a única feita, já que as habilidades e ferramentas evoluíram ao longo de muitas gerações. A Canoa Dufuna é um lembrete vívido da rica herança cultural e histórica da Nigéria e do continente africano como um todo. Sua descoberta nos permite reconstruir partes do passado e nos lembra da importância de preservarmos e estudarmos nosso patrimônio histórico para compreendermos melhor nossa identidade e evolução ao longo do tempo. 


Fontes:  https://theafricanhistory.com/1606  

e Dufuna Canoe Rewrites Story of Water Navigation

Mostre uma foto do barco Dufuna e peça que as crianças olhem atentamente. Pergunte:

Mostre um pedaço de barbante de 8.4 metros. Coloque no chão e explique que esse era o comprimento do barco Dufuna. 

Será que conseguimos fazer um barco como o Dufuna para navegarmos todos juntos? Sugira que os alunos usem os elementos da brincadeira livre. Eles podem juntar estes elementos para formar um grande barco coletivo.  Assim que a grande canoa estiver pronta, todos devem entrar a bordo. Eles deverão remar enquanto cantam o Olelê. A cada "parada", as crianças saem do barco para coletar pela sala frutas de verdade, trazidas pela professora. 

Depois de algum tempo repetindo essa estrutura até que as crianças tenham coletado frutas suficientes, diga que elas finalmente chegaram ao seu destino. Que tal distribuirmos as frutas entre as crianças da escola?

Incentive que as crianças distribuam as frutas para as pessoas da comunidade escolar.


Olelê! Moliba Makasi! Olelê! 

[INDO ALÉM]

Momento Galeria - Emicida  


É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:





>> Quais representações apresentamos às nossas crianças quando contamos determinada história?


>> As histórias que eu conto retratam os personagens negros em papeis secundários ou de coadjuvantes? Já contei alguma história com pessoas negras como protagonistas em papéis de destaque positivo na sociedade?

Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças, que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos. 


Clique >>AQUI<< 

para baixar o kit Galeria. 


Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Cada personalidade ilustrada permite que as crianças possam brincar com eles, apresentando e valorizando novas representatividades.

[ Emicida ]

Emicida, ou Leandro Roque de Oliveira, é um rapper, compositor e escritor brasileiro que utiliza sua arte para contar histórias, expressar emoções e provocar reflexões sobre a sociedade. Através de suas letras, ele aborda temas como desigualdade, racismo e a beleza da cultura afro-brasileira, desempenhando um papel crucial na educação para a diversidade e na luta contra o preconceito.

Imagem: Emicida com alterações | Fonte: Wikipedia

Imprima o  toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho do Emicida. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva. 

Apresente o toy para a turma e pergunte a ela se alguém conhece a personalidade. Estimule a conversa, questionando se eles conseguem imaginar o que ele faz na vida. Trabalha com o quê? Por que será que ele é importante?

Logo em seguida, apresente a história real do personagem em questão, valorizando sempre a sua contribuição para o mundo. 

Com essa atividade, queremos, de forma lúdica,  pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana





[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras"

(2004, p. 16-17)