[ INVENCIONICES DE AUNI ]

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Aqui você encontrará:  Ilustrações Fábula (texto, audio, vídeo) Atividades e Recursos Didáticos

"DING DONG!"


— Ô de casa!


Auni estava em casa, desenhando em seu caderno, quando ouve a campainha.


A mãe de Auni, lá da cozinha, fala em voz alta: 

— Já vou!! Deve ser a nossa entrega! Pede pro moço esperar. 


Auni vê aquela caixa enorme, maior do que os homens que estavam lá fora, e fica empolgada! 


— Moço, moço! O que vocês estão carregando aí? Já sei, já sei! Um dinossauro? Um telescópio? É um foguete!


— Calma, filha! Não é nada disso! Abre a porta pros moços entrarem, por favor!


Ela está mega empolgada e não para de falar: 

— Nós vamos pra lua! Meu sonho! Um foguete supersônico só meu…. vou chamar a Luana e o Gabriel para viajarem comigo. Só criança pode entrar, nada de adultos!


— Onde podemos colocar a encomenda, madame?


— No meu quarto!!! — gritou Auni.


— Para com isso, menina. Vai ser na cozinha, moço!


Auni fica meio confusa. Pra que a mãe dela vai botar um foguete no meio da cozinha?


Os homens carregam a enorme caixa de papelão pra dentro e começam a desembalar. 


Acompanhando cada movimento, a menina não podia acreditar no que estava vendo…


— Mas, mas… é uma geladeira?, disse, frustrada.


— Sim, minha filha! Linda, né? Vai ficar perfeita na nossa cozinha!


— Eu preferia um foguete, responde, emburrada.


Os entregadores estavam indo embora quando perguntaram se queriam ficar com a caixa.


— Não! — respondeu a mãe.


— SIIIIIM! — gritou a filha.


— Mãe, posso ficar com a caixa, por favor? Por favorzinho? Por favoooooor?


— Tá bem! Pode deixar, moço. 

— EBAAAAAAAAAAA!!! Vou levar pro meu quarto, tá? Lá vai ser a minha oficina!


— Vai, meu bem. Vou arrumar a nossa geladeira. Mas vê se não inventa moda, hein?


Auni nem ouviu as últimas palavras da mãe. Saiu arrastando a caixa, que dava duas dela, de tão grande, pro seu quarto. Ou melhor, pra sua oficina. 

Ela separou todo o material que tinha: tesoura, cola, tinta guache, revista, pincéis, canetinhas, giz de cera, sucatas que guardava para brincar e começou a construir. 


Corta daqui. Cola dali. Vira de cabeça pra baixo. Abre um buraco. Emenda o que está rasgado…


— Está ficando incrível! 


Auni pega então o celular e manda o seguinte convite para os amigos:


VENHAM PARA A INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA

ESTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DOS PASSARINHOS. 

ENTRADA GRATUITA! 


Dez minutos depois, a campainha começa a tocar enlouquecidamente. A mãe de Auni foi abrir a porta, sem entender nada. Eram vinte crianças na porta, querendo visitar uma tal de estação espacial!


— Foi a Auni que nos convidou, tia! 


— Vai ter um lançamento daqui a pouquinho. Ninguém quer perder!


Ainda atônita, ela abre a porta, e a criançada vai direto para o quarto de Auni. Ela ficou curiosa e foi atrás para ver o que eles estavam inventando dessa vez. 

E que surpresa…


— Sejam bem-vindos à Estação Espacial Jessica Watkins! Hoje, teremos a nossa primeira viagem espacial, e eu serei a comandante da expedição. Entrem no foguete, apertem os cintos que já vamos decolar!


 As crianças do bairro gritavam efusivamente. A mãe de Auni olhava a cena, comovida. 


— Essa menina não tem jeito! 


— De mil jeitos eu me ajeito!, retrucou a comandante da expedição. — Eu quero conquistar o universo!


— Você vai, minha filha. Tenho certeza! -— A mãe abraçou Auni com ternura e deixou as crianças brincarem na estação espacial. 


E você? Vai ficar só olhando ou vem viajar  com a gente? 

 [ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

CUIDAR DE SI MESMO

Desenvolver interesses pessoais e senso de propósito.

Habilidade socioemocionais

Eu desenvolvo interesses e um senso de propósito porque:

Capacidades maker

O ambiente 

A escola como um ambiente que deixa visível a potência e a inventividade negra.

1) ATIVAR PARA ENGAJAR

Deixe separado em algum lugar da sala algumas caixas de papelão. Caso as crianças tenham curiosidade, deixe-as explorar e faça algumas perguntas provocadoras como: 


Olhar atentamente: Permita que elas explorem e brinquem livremente com as caixas por um tempo. O que será que elas irão criar? Encoraje-as a observar bem as caixas e a procurar diferentes tipos de características ou componentes das caixas. Permita-lhes olhar/ouvir/tocar e ver se conseguem encontrar algo novo. 

Você pode fazer perguntas como: 



Depois de deixar que as crianças explorem as caixas, junte-as novamente.

SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!

Depois de permitir que as crianças explorem as caixas, reúna as crianças novamente. Diga ao grupo que irão ouvir uma história chamada Invencionices de Auni! Apresente as ilustrações que estão no site do Aperte o Play. A professora pode escolher entre contar a história para a turma e apresentar ao grupo o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios leitores diferentes: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação de história pela professora com as ilustrações. Há, ainda, uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a que achar melhor para a sua turma!

>> Depois da história: 

Pergunte às crianças: 


Escute suas respostas. Chame atenção novamente para as caixas e pergunte se as crianças têm novas ideias do que elas estão fazendo ali. Diga que Auni deixou uma carta para elas junto com as caixas.

Convite da Auni

Nessa carta, escrita como se fosse de Auni, incentive as crianças a criarem seus mundos com os materiais que elas têm disponíveis. “Que tal começar por essas caixas que eu mandei? Aqui vão algumas dicas para vocês começarem sua construção.” Junto à carta, além do convite da Auni, coloque também imagens de três diferentes construções com diferentes níveis de complexidade e com uma breve explicação da contribuição negra para cada tipo de construção.

DICA QUENTE!

1. Estação Espacial (no caso da estação espacial, podemos nos referir à presença negra na astronomia e engenharia aeroespacial);  

2. Pirâmides egípcias

3. Castelos Africanos ou construções

4. Semáforo (Garret Morgan);

5. Elevador (Associando a história de Alexander Miles e a criação do sistema de fechamento automático); 

6. Arado (Egito);

7. Máscaras (povo Nok, cultura da Nigéria).


Imagem: Exemplo de uma estação espacia | Fonte: CampAustrailia

2) BRINCAR PARA CRIAR

Explorar a complexidade - Mostre a carta escrita por Auni e leia o conteúdo com as crianças. Mostre as ilustrações das inspirações para elas e chame atenção para as partes e interações necessárias para as construções: 



Permita que as crianças escolham qual construção desejam fazer. Pegue os materiais necessários e permita que as crianças façam suas construções. Elas podem seguir algum tutorial em grupo ou fazer com toda a turma, de maneira colaborativa.

3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR

Compartilhar com a turma

Permita que as crianças mostrem suas criações para a turma ou para a comunidade escolar. Encoraje-as a explicar como elas fizeram para chegar ao resultado apresentado. Você pode fazer perguntas como: 



Refletir para melhorar:

Pergunte: O que vocês mais gostaram? O que gostariam de ter feito diferente? Como podemos melhorar? O que precisamos aprender?


Encontrando oportunidades:

Sugira: “Que tal inspirarmos outras pessoas a criarem construções inspiradoras?”  Assim como a Auni convidou a turma a fazer construções inspiradas em pessoas pretas, encoraje os alunos a repassarem o convite dela a outras pessoas. Eles podem gravar um vídeo, ir de turma em turma, ou escrever um recado, caso consigam, dando suas próprias dicas a partir de sua experiência. 

[INDO ALÉM]

É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:



Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos. 


Clique >>AQUI<< 

para baixar o kit Galeria. 


Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Cada personalidade ilustrada permite que as crianças possam brincar com elas, apresentando e valorizando novas representatividades.

Nessa rodada, o nosso personagem da vez é Jessica Watkins 



[ Jessica Watkins ]



Ela foi uma astronauta afro-americana, que serve como fonte de inspiração para muitas crianças, especialmente meninas interessadas em ciência e exploração espacial. Com um pôster de Watkins adornando o quarto de Auni, ela se torna um símbolo de perseverança, inteligência e a conquista de grandes sonhos, mesmo diante de adversidades. Watkins representa não apenas os avanços na exploração espacial, mas também a importância da representatividade feminina e negra em campos tradicionalmente dominados por homens brancos.

Imagem: Jessica Watikins com alterações | Fonte: Wikipedia

Imprima o  toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho da Jessica Watkins. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva. 

Apresente o toy para a turma e pergunte se alguém conhece a personalidade. Estimule a conversa questionando se eles conseguem imaginar o que ele faz na vida. Trabalha com o quê? Por que será que ele é importante?

Logo em seguida, apresente a história real do personagem em questão, valorizando sempre a sua contribuição para o mundo. 

Com essa atividade, queremos, de forma lúdica, pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana

[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras"

(2004, p. 16-17)