Fundamentação Teórica

[ A IMPORTâNCIA DAS FÁBULAS ]

A fábula é um gênero literário, e essas narrativas são das mais antigas de que já tivemos notícia. Ela nasceu no Oriente e foi reinventada no Ocidente pelo grego Esopo. De lá pra cá, tivemos incríveis fabulistas: La Fontaine, Fedro, Leonardo da Vinci, Monteiro Lobato, Câmara Cascudo, entre outros. Eles criavam suas histórias com diversos objetivos: orientar, dar conselhos, alertar sobre algo que poderia acontecer na vida real, transmitir ensinamentos, fazer uma crítica, fazer uma ironia, lutar por ideias ou apontar modos de agir de acordo com os bons costumes. Por isso, no final da fábula, temos o que chamamos de “moral da história”. O que podemos aprender com a história contada? Há um detalhe fundamental: as fábulas são conhecidas por terem bichos como personagens principais. Os animais são os principais agentes da educação dos homens.

Quando uma criança escuta uma fábula, a identificação com a história acontece rapidamente. Ela se torna receptiva ao que será contado, especialmente devido à presença de animais como personagens, e consegue incorporar os valores que as fábulas trazem. Com estrutura narrativa simples e textos curtos e claros, a fábula consegue levar as crianças a identificar os momentos-chave da história e a colocar-se no lugar dos personagens, interagindo com o que é contado, discutindo, comentando e até duvidando dela, fazendo um confronto entre o real e o imaginário, construindo seu pensamento e alcançando novas conquistas cognitivas e afetivas. 

As fábulas nos convidam a refletir sobre a conduta humana na sociedade. Elas retratam emoções, sentimentos que muitas vezes as crianças ainda não sabem nomear, mas de cuja existência já sabem. Esperança, sabedoria, amizade, amor, esforço, colaboração são inseridos metaforicamente em cada animal com alguma característica humana. Exemplos rápidos: a formiga e o trabalho, a raposa e a esperteza, o macaco e a astúcia, etc. 

E foi pensando nessas qualidades das fábulas que escolhemos oito histórias para fazerem parte do Aperte o PLAY. Histórias curtas e potentes, que trazem à tona nossas emoções mais primárias. A palavra fábula deriva do verbo fabulare, em latim, que significa conversar. Algo fundamental para aprendermos a fazer junto com as crianças. É importante lembrar que as fábulas eram contadas oralmente, e não eram só para crianças não! Adultos também as ouviam. Afinal… o que sentimos é universal.

Fonte: istock - Crédito: Kobus Louw

Fonte: istock - Crédito: ozgurcankaya

Bebemos na fonte de Esopo, na Grécia Antiga, e selecionamos três fábulas mundialmente conhecidas. Avançamos no tempo e chegamos a Leonardo Da Vinci. Sim, ele mesmo! Além de brilhante artista e inventor, Da Vinci foi um grande fabulista. Você vai encontrar aqui duas histórias inesquecíveis do italiano. E, para fecharmos, escolhemos um brasileiro: Câmara Cascudo, o maior folclorista do país. São histórias muito conhecidas, que já foram contadas e recontadas por aí, todas de domínio público! Aproveitem!

As histórias selecionadas ativarão a potência criadora das crianças. Vamos trabalhar em três camadas: Eu, Eu e o Outro e Eu e o Mundo. Dentro dessas três camadas, buscamos explorar, de maneira progressiva, objetivos socioemocionais, bem como a consolidação de uma identidade maker