[ UBUNTU ]
Aperte o PLAY +
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CERTA VEZ, UM HOMEM BRANCO FOI VISITAR UMA COMUNIDADE AFRICANA E QUERIA SABER COMO ERA A VIDA POR LÁ. Como eles se organizavam? O que eles gostam de fazer? Será que as crianças daquela região são tão diferentes das crianças de outros países? O que elas têm em comum? Esse homem queria estudar e entender a cultura daquele povo e, para isso, propôs uma brincadeira!
Ele colocou uma cesta cheia de frutas embaixo de uma árvore e disse para as crianças que a primeira que chegasse até a árvore poderia ficar com a cesta só pra ela.
Quando o sinal para começar a corrida foi dado, algo inesperado aconteceu. As crianças correram em direção à árvore de mãos dadas! Como estavam todas conectadas, elas chegaram juntinhas ao prêmio e puderam saborear as frutas igualmente. Não houve UM vencedor. Todos ganharam. O homem, ao ver aquela cena, ficou bastante intrigado e perguntou:
— Crianças, por que vocês correram juntas se um de vocês poderia chegar na frente e ganhar todas as frutas?
Imediatamente as crianças responderam:
— Ubuntu! Como um de nós pode ficar feliz, enquanto os outros estão tristes?
Emocionado com a resposta, o homem branco que visitava aquele povoado anotou para nunca mais esquecer:
"Ubuntu - Sou quem sou porque somos todos nós.
Cooperando, podemos alcançar a felicidade JUNTOS.
Isso é HUMANIDADE."
E se pudéssemos brincar sem competir? Como seria? Vamos tentar?
[ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
CUIDAR DA COMUNIDADE
Compreender as perspectivas e se colocar no lugar de outras pessoas, principalmente as de origem Africana.
Habilidades socioemocionais
Eu compreendo perspectivas negras e ajo com empatia por:
Compreender as perspectivas e me colocar no lugar de outras pessoas, principalmente as de origem Africana, bem como suas culturas e contextos diversos;
Compreender as normas históricas e sociais mais amplas para o comportamento em diferentes ambientes, e reconhecer os recursos e apoios familiares, escolares e comunitários;
Reconhecer demandas e oportunidades situacionais e me envolver em projetos voltados para o bem-estar coletivo;
Questionar a realidade imposta;
Me projetar em futuros livres de preconceitos e racismo;
Cultivar comunidades que se apoiam para que as pessoas pretas se sintam acolhidas, ouvidas e valorizadas;
Me engajar em fios de discussão ativista, valorizando as pessoas negras ao meu redor.
Capacidades maker
Observar cuidadosamente jogos e brincadeiras e explorar sua complexidade para visualizar o potencial de construir, ajustar, redesenhar ou hackear brincadeiras a partir da filosofia Ubuntu;
Explorar os mecanismos internos - como coisas, ideias e sistemas funcionam - quais são suas partes e interações?
Elaborar, organizar e construir a partir dos achados.
O ambiente
A escola, que cultiva a vida em comunidade, permite uma construção plural do coletivo e valoriza a cultura Africana.
1) ATIVAR PARA ENGAJAR
>> Antes da história:
Peça que as crianças se sentem em um círculo com os pés para frente, um ao lado do outro. Ao som de ritmos africanos, a professora ou uma das crianças deverá começar um movimento com os pés, que as demais deverão seguir até que todas estejam fazendo o mesmo movimento. As crianças podem se alternar para sugerir novos movimentos, que todas devem seguir, formando como que uma dança.
Imagem: Osani Circle Game | Fonte: Connecting Dotz
Adaptação da brincadeira Osani Circle Game
>> Senta que lá vem a história!
Hora de Apertar o PLAY! Diga ao grupo que irão ouvir uma história chamada "Ubuntu". Apresente as ilustrações que estão no site do Aperte o PLAY. A professora pode escolher entre contar a história para a turma e apresentar ao grupo o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios leitores diferentes: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação de história pela professora com as ilustrações. Há, ainda, uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a que achar melhor para a sua turma!
2) BRINCAR PARA CRIAR
>> Senta que lá vem a história!
Peça que as crianças identifiquem os personagens da história e pergunte, usando a rotina de pensamento “Pense, sente, se importe”:
Quem é essa pessoa e o que ela faz? Como você sabe?
Imagine que você é essa pessoa: como você se sente? Por quê?
Com o que você se importa? O que é importante para você?
Inspirado na história, proponha que as crianças apostem uma corrida, mas com um detalhe: nessa corrida, só ganha se todos chegarem juntos!
Peça que as crianças expliquem com suas palavras o que significa Ubuntu.
Diga que iremos escolher diferentes jogos para brincar, mas elas devem prestar atenção e perceber se Ubuntu está presente. Mostre diferentes sugestões de jogos e brincadeiras cooperativas. Deixe que as crianças escolham com quais desejam brincar.
Algumas sugestões são:
Teca-Teca é um jogo de origem Moçambicana em que um diagrama é desenhado no chão, onde os jogadores pulam de maneira ritmada de um quadrado para outro, seguindo uma sequência específica. O objetivo do jogo é chegar ao final sem pisar fora do diagrama ou perder o equilíbrio.
Passe o bastão
Nesse jogo egípcio, os alunos formam um círculo, e cada um apoia um bastão verticalmente. O objetivo é pegar o bastão do colega à direita antes de ele cair. Quantas rodadas a turma consegue fazer sem derrubar nenhuma vara?
Este jogo possui uma música em suaíli³, um dos idiomas da Tanzânia. O desafio é dançar de acordo com as instruções da canção.
Um jogo africano cujo principal objetivo é se divertir rolando um pneu. Que tal explorar velocidade e rampas com os alunos?
³ O suaíli ou suaíle, também chamado de suahíli e conhecido pelas formas vernáculas Swahili ou Kiswahili, é a língua banta com o maior número de falantes. [Wikipédia]
DICA QUENTE!
Nesse link é possível encontrar um catálogo gratuito com várias brincadeiras africanas e afro-brasileiras. Você pode escolher as que mais se encaixam com a filosofia Ubuntu.
Junte as crianças novamente. Pergunte qual foi a brincadeira de que mais gostaram e por quê. Depois, peça que elas sugiram outras brincadeiras de que gostam e liste suas contribuições. Faça duas seções: Ubuntu X NÃO Ubuntu e peça que as crianças categorizem as brincadeiras. Quais são Ubuntu? Quais não são? O que as brincadeira Ubuntu têm em comum?
Que tal fazermos uma ludoteca Ubuntu com nossas brincadeiras, jogos e brinquedos favoritos?
Planejamento
Antes de começar a construir a ludoteca, as crianças podem trabalhar juntas para planejar como ela deveria ser. Eles podem decidir qual será o tamanho da ludoteca, quais brinquedos e jogos serão incluídos e como eles serão organizados.
Design
Depois de terem uma ideia geral de como a ludoteca deverá ser, as crianças podem começar a projetar o espaço de forma mais detalhada. Eles podem desenhar esboços ou maquetes da ludoteca e pensar em como organizar os brinquedos e jogos.
Construção
Com o planejamento e o design concluídos, as crianças podem começar a construir a ludoteca. Dependendo da escala do projeto, elas podem precisar da ajuda de adultos para cortar e montar as peças, mas as crianças podem ajudar com a pintura e decoração.
Organização
Depois que a ludoteca estiver pronta, as crianças podem trabalhar juntas para organizar os brinquedos e jogos de forma atraente e funcional. Elas podem pensar em como dividir o espaço para diferentes atividades, como jogos de tabuleiro, brincadeiras de construção ou jogos de dramatização.
DICA QUENTE!
Algumas sugestões de jogos e brinquedos colaborativos para a ludoteca são: blocos de construção, bolinha de gude, teatro de fantoches, pintura em grupo, quebra-cabeças, livros de história, instrumentos musicais, esculturas de equilíbrio, rampas e rolos, luz e sombra.
3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR
Depois que a ludoteca estiver pronta, convide as crianças para refletir:
Todos os jogos da nossa ludoteca são Ubuntu?
Como podemos aumentar ainda mais nosso acervo de jogos?
Como podemos deixar nossa ludoteca ainda mais atrativa e garantir que todos irão se divertir de maneira Ubuntu sem competir?
[INDO ALÉM]
Momento Galeria - Nelson Mandela
“É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:
>> Quais representações apresentamos às nossas crianças quando contamos determinada história?
>>As histórias que eu conto retratam os personagens negros em papeis secundários ou de coadjuvantes? Já contei alguma história com pessoas negras como protagonistas em papéis de destaque positivo na sociedade?
Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos.
Clique >>AQUI<<
para baixar o kit Galeria.
Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Cada personalidade ilustrada permite que as crianças possam brincar com eles, apresentando e valorizando novas representatividades.
Nessa rodada, o nosso personagem da vez é Nelson Mandela.
Imprima o toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho do Mandela. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva.
Apresente o toy para a turma e pergunte a ela se alguém conhece a personalidade. Estimule a conversa, questionando se eles conseguem imaginar o que ele faz na vida. Trabalha com o quê? Por que será que ele é importante?
Logo em seguida, apresente a história real do personagem em questão, valorizando sempre a sua contribuição para o mundo.
Com essa atividade, queremos, de forma lúdica, pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana:
[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras".
(2004, p. 16-17)