[ QUILOMBINHO ]

Aperte o PLAY + 

Aqui você encontrará:  Ilustrações Fábula (texto, audio, vídeo) Atividades e Recursos Didáticos

 BOM DIA, SEU ZÉ! BOM DIA, DONA MARIA! Que sol maravilhoso, hein? 


Era assim todo dia com Luna. Ela acordava, se arrumava rapidinho e saía para o trabalho. Cumprimentava o Seu Zé, o porteiro do prédio, e sempre tinha um tempo para tomar um cafezinho com Dona Maria, a vizinha. 


— Luna, eu acho o seu trabalho incrível! Você parece uma fada. Todo mundo que encontra com você sempre sai melhor e mais feliz! —  disse dona Maria. 


Luna fica sem graça e explica que a sua profissão é assim mesmo: entrar de um jeito e sair de outro. 


—- É verdade, Dona Luna! Fico vendo as crianças entrando lá no seu espaço e fico só admirando… queria tanto ter vivido isso quando eu era menor! — suspirou Seu Zé, dando um abraço afetuoso na fada, ou melhor, em Luna!


— Vamos deixar a garota ir, Seu Zé! O que será que ela vai preparar hoje? Fico sempre aqui, na janela, olhando para as crianças do bairro. A gente sabe direitinho quem passou pelas suas mãos. É só olhar pra criança, ver o sorriso no rosto dela e pronto: é coisa da Luna!


Luna seguiu seu caminho, e todas  as crianças a cumprimentavam!  

— Oi, Luna! Vou lá hoje! Quero muito virar uma princesa! — disse, entusiasmada, uma menina de cinco anos.  


— Luna, Luna! Minha mãe também vai me levar! Deixei meu cabelo crescer, olha! — era o Dom, um menino de sete anos, animadíssimo. — Hoje eu quero virar um rei! 


Será que você já descobriu qual é o trabalho da Luna? O que será que ela faz que toda criança que passa pelas mãos dela sai transformada?


Vamos desvendar o segredo agora! Luna chegou ao trabalho. Ela abre o portão e agora a gente consegue ler o que está na placa: 

QUILOMBINHO — SALÃO DE CABELEIREIROS PARA CRIANÇAS PRETAS. 


Aaaah! A Luna corta cabelos! Por isso ela tem mãos de fada… Olha o que está escrito na parede do salão: MEU BLACK É A MINHA COROA. Ela abriu um salão para unir as crianças pretas do bairro e mostrar a todos que o cabelo é uma força, uma potência! Que mostra quem nós somos.


Quer ver?


Olha o que ela fez no cabelo do Paulinho! Ele entrou de um jeito… e saiu de outro! O nome desse penteado é Nagô. Reparem bem de perto: parece um mapa, cheio de caminhos, né? É que foi assim que o Nagô surgiu: os negros trançavam nos cabelos o lugar a que eles pertenciam, ou desenhavam rotas de fuga para os quilombos! Essa é uma forma de lembrar sempre de onde viemos e para onde vamos.


Agora olha a Mariana! Ela vivia de cabelo amarrado, sempre muito tímida e envergonhada. Foi a Luna botar as mãos no cabelo dela, soltar o que estava preso, para a menina desembestar a falar. Ela passou a se sentir mais bonita e confiante. É isso que o Quilombinho faz! Unir, transformar e empoderar! 


O cabelo da Luna é o que chamamos de “rabo abacaxi”. Pega todos os cachos e bota pra cima! Lindo, né? 


Ih, entrou cliente no salão! É o Jonas, e ele veio preparado para uma mudança! 

— Oi, Luna! Cheguei pra ficar ainda mais lindo!


Todos caem na risada com a onda do menino! Eles começaram a olhar algumas fotos de penteados diferentes, para escolher um que combine com o Jonas. 


Vamos ajudar nessa escolha? Hoje vamos fazer o Quilombinho acontecer juntos!

 [ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

CUIDAR DA COMUNIDADE

Promover o bem estar coletivo.

Habilidades socioemocionais

Eu cuido da comunidade e promovo o bem estar nas relações raciais porque:

Reconheço demandas e oportunidades relevantes para meu grupo social;

Questiono a realidade imposta;

Reconheço demandas e oportunidades situacionais; 

Me envolvo em projetos voltados para o bem-estar coletivo;

Me projeto em futuros livres de preconceitos e racismo;

Cultivo comunidades que se apoiam para que as pessoas pretas se sintam acolhidas, ouvidas  e valorizadas;

Me engajo em fios de discussão ativista,  valorizando as pessoas negras ao meu redor.

Capacidade maker

Sou curioso para aprender;

Experimento, testo, erro e aprendo;

Sou proativo(a) e uso formas inusitadas para potencializar minhas relações com o outro e com o mundo.

O ambiente 

A escola como um espaço acolhedor que celebra a diversidade e as variadas formas da beleza negra.

1) ATIVAR PARA ENGAJAR

Leve a turma para um lugar aconchegante, de preferência na natureza, e deixe que as crianças brinquem livremente. Depois de um certo tempo, chame as crianças e diga que todos os seres humanos têm uma caixa de ferramentas muito importante para criar felicidade. O que será que temos de tão importante? 

Permita que tentem adivinhar. Temos a nossa voz, a nossa energia, nosso corpo, imaginação e cooperação! Hoje, usaremos o nosso corpo para brincar! Mas, primeiro, precisamos listar algumas emoções. Como nos sentimos quando olhamos no espelho e nos achamos bonitos e bem cuidados? Isso é um orgulho! Agora, use TODO o seu CORPO para expressar esse sentimento:


Pense em como você usa:

Continue a atividade usando essa oportunidade para ajudar as crianças a nomearem sentimentos positivos como alegria, leveza e pertencimento.

>> Antes da história

Quando as crianças começarem a ficar cansadas, diga ao grupo que irá contar a história do "Quilombinho: um lugar de transformação". Apresente as ilustrações  que estão no site do Aperte o PLAY +.  


Mostre as ilustrações e explore com as crianças:



SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!

Hora de Apertar o PLAY! Escolha entre contar a história para a turma e apresentar o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios diferentes para os leitores: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação da história pela professora com as ilustrações. Há ainda uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a opção que achar melhor para a sua turma!

>> Depois da história: 

Provoque reflexões sobre a história com algumas perguntas:


2) BRINCAR PARA CRIAR

Vamos brincar de Salão Quilombinho?

Salão Quilombinho na nossa escola! - Converse e traga relatos da importância de cuidar do cabelo com amor:

Se possível, visite sites online de salões que trabalham cuidando dos cabelos de pessoas negras famosas. Visite também a mídia social de crianças negras acolhidas, ouvidas  e valorizadas para pesquisar tutoriais e dicas.

Incentive a experimentação para que as crianças aprendam a hidratar, nutrir e proteger o cabelo, utilizando produtos específicos para cabelos crespos e cacheados nas crianças de lindos cabelos crespos.

DICA QUENTE!

Conte para as crianças e para a Coordenação da escola o que pretende fazer.  Provavelmente, todos vão querer criar junto com você esse projeto comunitário de autocuidado. Trabalhe a afro-matemática:



Leia com as crianças o “Manual de penteados para crianças negras”, de Joana Gabriela Mendes e Mari Santos (Companhia das Letrinhas) - um passo a passo para o autocuidado e o amor aos cabelos crespos. As autoras dão muitas dicas valiosas e curiosidades para deixar as crianças ainda mais envolvidas com o próprio visual!

3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR

Nossa turma foi escolhida para fazer um álbum de fotos para divulgar o Salão Quilombinho na escola e ajudar outras pessoas a cuidar dos cabelos com cuidado e amor. 

Depois que todos estiverem com os cabelos arrumados, escolha um item para praticar tirar fotos. Pode ser uma criança com um penteado novo feito no salão Quilombinho, um brinquedo ou uma boneca. Mostre como olhar através de uma lente e tirar uma foto. Certifique-se também de mostrar como excluir a imagem. Tire algumas fotos do seu objeto de maneiras diferentes. Como você pode mudar a imagem?

Algumas ideias:

Como você fará sua foto um pouco mais diferente e interessante? Qual sentimento você quer passar? Como podemos usar as nossas ferramentas (corpo, energia, cooperação e imaginação) para que nossas fotos fiquem ainda melhores? 

Não tem câmera no seu celular? Sem problema! Use papel, lápis de cor, EVA e adesivos. Crie um pequeno livro de recordações onde possa desenhar o seu penteado favorito, o que aprendeu sobre cuidados com o cabelo e como se sentem em relação aos seus cabelos naturais.

[INDO ALÉM]

Momento Galeria - Conceição Evaristo  


É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:




Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças, que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos. 


Clique >>AQUI<< 

para baixar o kit Galeria. 


Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Cada personalidade ilustrada permite que as crianças possam brincar com elas, apresentando e valorizando novas representatividades.

Nessa rodada, o nosso personagem da vez é Conceição Evaristo

[ Conceição Evaristo ]

uma voz inestimável na literatura brasileira. Conceição é uma escritora e poeta cujas obras exploram as complexidades da vida, da identidade e da resistência negra no Brasil. Sua literatura rica e envolvente oferece perspectivas profundas sobre questões sociais, raciais e de gênero, tornando-a uma fonte essencial de aprendizado e inspiração.

Imagem: Conceição Evaristo com alterações | Fonte: Wikipedia

Imprima o  toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho do Conceição Evaristo.. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva. 

Apresente o toy para a turma e pergunte a ela se alguém conhece a personalidade. Estimule a conversa, questionando se eles conseguem imaginar o que ele faz na vida. Trabalha com o quê? Por que será que ele é importante?

Logo em seguida, apresente a história real do personagem em questão, valorizando sempre a sua contribuição para o mundo. 


Com essa atividade, queremos, de forma lúdica,  pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana: 

[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras"

(2004, p. 16-17)