[ ESPALHANDO HISTÓRIAS PELO MUNDO ]
Aperte o PLAY +
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CHEGOU O DIA EM QUE NÃO HAVIA MAIS NENHUMA HISTÓRIA PARA SE CONTAR NA TERRA. Mas para onde elas foram? Elas estavam com Nyame, o deus do Céu.
Inconformado, o velho Ananse decidiu que queria comprar as histórias de Nyame para poder contá-las ao povo de sua aldeia. Como uma aranha, Ananse foi tecendo uma corda que ia da terra até o céu, só pra poder falar com o deus. E conseguiu! Chegando lá, explicou o seu desejo:
– Quero comprar o seu baú de histórias.
Sem conseguir se segurar, Nyame riu da ousadia daquele velho e falou:
– Se quer tanto o meu baú de histórias, vou te dar o preço: me traga Osebo, o leopardo de dentes terríveis; Mnboro, o marimbondo que pica como fogo; e Moatia, a fada que nenhum homem já viu.
Ananse ouviu atentamente e prometeu:
– Voltarei com o que me pede!
O ancião desceu para a terra e foi direto para caçar Osebo. Para pegar esse leopardo de dentes terríveis, preparou uma armadilha no meio da mata e ficou esperando. Quando Osebo chegou, foi logo falando, cheio de segundas intenções:
– Ananse, você apareceu bem na hora da minha fome.
Quando Osebo foi dar o bote em Ananse, caiu na armadilha que ele havia preparado. O bicho ficou todo amarrado com os cipós, e Ananse falou:
– Você está pronto para encontrar Nyame.
Ananse então partiu para a segunda tarefa: procurar Mnboro. Ele o encontrou no meio de uma tempestade, e Mnboro estava procurando um lugar para se proteger. Observando a cena, Ananse falou:
– Entre em minha sacola, fique aqui até a chuva passar.
Mnboro entrou na sacola e ficou esperando, mas quando a chuva passou, Ananse falou:
– Você está pronto para encontrar Nyame.
Então, o ancião foi procurar a fada Moatia, que nenhum homem nunca viu. Que tarefa difícil! Ele sabia que as fadas costumavam dançar nas sombras do flamboyant, era a única pista que existia.
Ananse foi aos pés do maior flamboyant da floresta, cobriu todo o chão com cera derretida, se escondeu e ficou esperando.
De repente, ele começou a ouvir gritos e correu para ver. Quando chegou aos pés do flamboyant, viu algumas fadas grudadas no chão.
Ele pegou Moatia e falou:
– Você está pronta para encontrar Nyame.
Ananse subiu pela corda que havia tecido, levando Osebo, Mnboro e Moatia. Quando chegou no céu, entregou-os a Nyame.
Nyame era um deus de palavra e entregou a Ananse o baú de histórias. Ananse voltou para a aldeia e, desse dia em diante, contou todas as histórias que havia no baú. As histórias se espalharam pelo mundo, levando alegria e ensinamentos às pessoas.
Que histórias queremos colocar no nosso baú?
[ ATIVIDADES E SEQUÊNCIA DIDÁTICA ]
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
CUIDAR DE SI MESMO
Desenvolver interesses pessoais e senso de propósito
Habilidades socioemocionais
Eu desenvolvo interesses pessoais e um senso de propósito porque:
Estou aberto(a) e curioso(a) sobre a sabedoria e artefatos científicos, históricos e matemáticos de origem africana;
Me entendo potente e percebo a vida das pessoas pretas como uma existência possível e relevante;
Reconheço e valorizo elementos históricos e socioculturais de negritude para dar conta da identidade nacional do sujeito brasileiro;
Reconheço e valorizo elementos históricos e socioculturais que constituem a identidade das pessoas que têm origem negra;
Valorizo a contribuição negra na construção da sociedade e reconheço a potencialidade dos diferentes modos de vidas negras que existem no mundo.
Capacidades maker
Eu uso habilidades de planejamento, deorganização e de tomar iniciativas pela causa antirracista;
Sou curioso e disposto a aprender sobre como atuar positivamente no mundo;
Eu valorizo o experimentar, testar, errar, aprender e criar de forma inusitada com os materiais disponíveis.
O ambiente
A escola como um espaço guardião do saber ancestral.
1) ATIVAR PARA ENGAJAR
Descubra brincadeiras incríveis no livro infantil “Kakopi, kakopi! – Brincando e jogando com as crianças de 20 países africanos!” (Melhoramentos, 2019) Escrito por Rogério Andrade Barbosa e ilustrado por Marilia Pirillo.
Prepare-se para iniciar o projeto criando espaços para a conexão com a natureza, brinque e explore o sensorial. Olhe ao redor e encontre alguns espaços para intervir e melhorar. — veja Inspirações | Desemparedar as crianças na escola | Criança e Natureza do Instituto Alana.
Celebrando a ancestralidade africana! Leve a turma para um lugar aconchegante, de preferência na natureza, e deixe que as crianças brinquem livremente.
Depois de um certo tempo, chame as crianças e pergunte o nome de todas as brincadeiras que conhecem. Diga que selecionou algumas para elas brincarem hoje e que, depois de brincarem, elas vão precisar responder juntas a uma pergunta: o que as brincadeiras têm em comum?
Divida o grupo por quantidades iguais de brincadeiras que deseja que as crianças experimentem. Algumas sugestões de brincadeiras de matriz africana e afrodescendente brasileira:
Bate-Pé:
Desafio - "Acompanhe meus pés" (Zaire). Com exceção do líder, os participantes devem fazer um círculo. O líder canta e bate palmas; no fim da música, ele desafia uma das crianças na roda para uma dança. Se o selecionado conseguir fazer os passos propostos pelo líder, ele se torna o novo líder. Se não conseguir, o líder escolhe outro participante e repete a dança.
Bambolê:
Desafio - Quantas crianças juntas conseguimos ter rodando o bambolê ao mesmo tempo? É importante garantir que o bambolê seja de tamanho adequado para a criança.
Gutera Uriziga:
Desafio - Todos os jogadores estão ombro a ombro. em uma linha reta, segurando suas varas. O líder rola o aro. Os jogadores tentam jogar as varas através do aro em movimento. Veja a brincadeira aqui.
Estipule tempo para que as crianças façam um pequeno circuito - 15 minutos por brincadeira. Mas, reserve tempo para que brinquem livremente tendo a liberdade de escolher a própria forma de brincar.
No final da atividade, pergunte aos alunos:
Qual grupo foi o mais divertido?
Qual foi o mais difícil? Por quê?
O que todas as brincadeiras têm em comum? Por quê dizem isso?"
Quando as crianças começarem a ficar cansadas, diga ao grupo que irá contar a história "Espalhando histórias pelo mundo!".
>> Antes da história:
Conte para as crianças o que pretende fazer: se inspirar na história que você vai contar para tornar a escola um espaço guardião do saber ancestral africano. Busque com elas materiais e músicas de diversas partes da África. Anote com elas e faça um quadro de inspiração, colando papel na parede com as ideias apresentadas/encontradas.
Encontre um espaço que possam usar para brincar perto da natureza. Olhe em volta e procure uma série de objetos e materiais que vocês normalmente não usam, como tecidos, cordas, tranças, búzios, contas, lenços, músicas, instrumentos. Busque materiais naturais – gravetos, pinhas, conchas, argila, pedras e outros materiais naturais – para serem transformados em formas de brincar.
"Vocês sabiam que o Território do Brincar mapeou diversas brincadeiras, muitas de origem africana ou afro descendente, que contam as histórias de diversas pessoas no Brasil? Vamos explorar?"
O que são histórias? De onde vêm? Quantas conhecemos? Quem nos conta? Mostre algumas capas de livros favoritos da turma: Aponte para uma e pergunte:
O que notam?
Qual o título?
Qual o nome do autor? E do ilustrador?
Qual é o tipo de história (poema, conto, fábula, em quadrinhos, etc.)?
Como são as ilustrações? Quais as cores? Linhas? Texturas?
O Conto de Ananse é uma história da tradição da África Ocidental. Anansi era encantador e muito sagaz e esperto e se parecia com uma aranha. Ele percebeu que os humanos estavam tristes porque não tinham nada que pudesse tornar suas vidas mais alegres. Ele se lembrou de que Nyame, o Deus do Céu, tinha coisas mágicas chamadas histórias que poderiam fazer os humanos felizes:
Quem era Ananse? Como vocês o imaginam?
E Nyame, o Deus do Céu, que tinha coisas mágicas chamadas histórias, como ele deve ser?
O que será que aconteceu quando se encontraram?
SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA!
Apresente as ilustrações da história que estão no site do Aperte o PLAY+. Escolha entre contar a história para a turma e apresentar o audiobook com a versão sonorizada da história. São desafios diferentes para os leitores: ouvir um audiobook sem o apoio das imagens, ou a contação da história pela professora com as ilustrações. Há ainda uma terceira opção: apertar o play da história com versão em inglês ou português e apresentar as cenas da história simultaneamente. Escolha a opção que achar melhor para a sua turma!
>> Depois da história:
Faça novamente provocações com perguntas:
As histórias que imaginamos eram parecidas? Ou diferentes?
Como Ansane encontra Nyame?
Quais os desafios propostos?
Como Nyame conseguiu capturar Osebo, o leopardo de dentes terríveis, Mnboro, o marimbondo que pica como fogo, e Moatia, a fada que nenhum homem já viu? - Resposta: Ananse capturou Osebo com uma armadilha; Mnboro, com uma sacola, durante uma tempestade; e Moatia, com cera derretida. Então, Ananse subiu de volta ao céu e entregou os desafios cumpridos a Nyame, que lhe deu o baú de histórias. Ananse levou as histórias de volta à sua aldeia, e elas se espalharam pelo mundo, ensinando e trazendo alegria às pessoas.
2) BRINCAR PARA CRIAR
Espere um momento! Recebemos um baú! O que tem dentro?
Permita que os alunos explorem e tentem adivinhar. Se possível, permita que as crianças tentem olhar por pequenos buracos:
O que poderia ser?
Por que dizem isso?
O baú vem com uma nota; nela, Ananse está nos pedindo ajuda. Ele gostaria da ajuda das crianças para pensar em maneiras de os povos mais jovens conseguirem vencer os desafios com os materiais que têm. Agora que ele já é um respeitado ancião, precisa assegurar que Nayme nunca retorne e leve de volta para o seu reino no céu todas as histórias da humanidade. Afinal, os adultos precisam se alegrar, pois eles andam muito cansados e tristes.
Pronto! Vamos aos desafios, e juntos iremos conseguir abrir o baú!
[ Desafio 1 ]
Osebo, o leopardo de dentes terríveis. Ananse precisa de tranças. Como fazer tranças? Como fazer tranças?
[ Desafio 2 ]
Moatia, a fada que nenhum homem já viu. Ananse precisa criar uma forma de enxergar coisas bem pequenas. Deixe alguns materiais cortados, mostre um vídeo do Manual do Mundo e crie com as crianças. Deixe-os procurar na natureza buscando a fada - que gosta de se disfarçar de animais bem pequenos.
[ Desafio 3 ]
Osebo, o leopardo de dentes terríveis. Ananse precisa saber de quantas armadilhas precisa. Crie no chão (de preferência, na areia) vários furinhos. Use pedrinhas ou gravetos para criar o leopardo. Use outros materiais para posicionar as armadilhas. Calcule de quantas armadilhas você acha que precisa e conte para Ansane.
[ Desafio 4 ]
Mnboro, o marimbondo que pica como fogo. Use argila para fazer pequenas cumbucas para capturar Mnboro: Em seguida, peça que contem quantas fizeram. Você pode pedir que eles façam várias quantidades de formas diferentes e, em seguida, que enumerem quantas de cada tipo foram criadas.
3) REFLETIR PARA COMPARTILHAR
Vamos abrir o baú? Wow! Quantas histórias podemos espalhar!!!
Imaginar - E se fizéssemos um pé de livro na escola SOBRE AS HISTÓRIAS NO BAÚ DO APERTE O PLAY? De que tipo de recursos, informações, conselhos, materiais e instruções vamos precisar para criar um espaço?
Prototipar e testar - Criar modelos e realizar testes; experimentar coisas para ver o que funciona para criar o nosso pé de livro na escola.
Fazer (e concretizar) planos - Identificar etapas; esboçar como as coisas poderiam parecer e como poderiam funcionar; ilustrar ideias e processos.
Celebrar - Depois do nosso pé de livro feito, o que podemos fazer para espalhar as histórias? Quem iremos convidar? Quais histórias iremos pendurar? Quem pode colaborar com mais histórias? Como nosso pé de livro pode se tornar o coração de um espaço de celebração da diversidade? Que músicas queremos ouvir? Quais brincadeiras e atividades queremos trazer? Como podemos mantê-lo sempre organizado, seguro e divertido?
[INDO ALÉM]
Momento Galeria - criança na escola
“É hora de enegrecer as referências”, foi o que afirmou Lélia Gonzales, filósofa, antropóloga, intelectual e militante do movimento negro e feminista. Por isso, montamos uma GALERIA para as crianças, trazendo grandes personalidades e referências negras que precisam estar na escola. Viemos de uma educação eurocêntrica, e decolonizar é um processo bem complexo. É importante ver e reconhecer seu corpo, seu cabelo e seus iguais. Ver negros bem sucedidos, entender suas potencialidades. Toda vez que você, educador, for construir um projeto, escolher uma história, apresentar novas referências, que tal refletir sobre essas questões:
Quais representações apresentamos às nossas crianças quando contamos determinada história?
As histórias que eu conto retratam os personagens negros em papéis secundários ou de coadjuvantes? Já contei alguma história com pessoas negras como protagonistas, em papéis de destaque positivo na sociedade?
Foi pensando nessas questões e na necessidade urgente de enegrecer os repertórios e referências das crianças que o Aperte o Play surgiu. E a Galeria é uma das ações que desenvolvemos.
Clique >>AQUI<<
para baixar o kit Galeria.
Nele, você vai encontrar um cenário para montar com as crianças. O cenário, claro, é a escola, espaço que queremos transformar! Temos no kit diversos personagens em formato de toy art. Nessa rodada, o nosso personagem da vez é uma criança negra.
Imprima o toy art do nosso kit e construa com as crianças o bonequinho da criança. Serão toy arts colecionáveis, e cada aluno poderá ter o seu. Se a professora preferir, poderá ser uma coleção coletiva.
Com essa atividade, queremos, de forma lúdica, pôr em prática o que dizem as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura AfroBrasileira e Africana:
[...] "fortalecer, entre os negros, e despertar, entre os brancos, a consciência negra. Entre os negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, poderão permitir que identifiquem as influências, a contribuição, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar com as outras pessoas, notadamente as negras".